26 de jun. de 2011

Cadeira em chamas lembra as vítimas da Santa Inquisição na Noruega


Na pequena cidade de Vardoe (ou Vardø), da Noruega, no centro de uma casa com paredes de vidros há uma insólita cadeira em chamas para lembrar que exatamente ali, no século 16, a Igreja Católica queimava mulheres (sobretudo elas) e homens acusados de bruxaria.

Esta instalação, projetada pela americana Louise Bourgeois, faz parte do Memorial Steilneset que Sônia Haraldsen, 74, a rainha do país, inaugurou ontem (24) em homenagem às vítimas da fúria católica.

Em um anexo à casa, há um corredor (concebido pelo arquiteto suíço Peter Zumthor) onde estão figuras de 77 mulheres e 14 homens que arderam no local em nome de Deus. Estima-se que essas 91 pessoas correspondam a um terço das vítimas da Inquisição na Noruega. Em nenhum outro lugar do país os representantes da igreja caçaram e queimaram tantas bruxas.

Na Idade Média, os eclesiásticos escolheram aquele local para julgar e queimar os acusados de heresia ou de ter feito pacto com o diabo por ser de fácil acesso. A ideia era de que o máximo de pessoas vissem à punição de modo a ficarem atentas às tentações do diabo, mantendo-se, obviamente, obedientes à igreja.

Sônia comentou que sentiu um mal-estar porque era como tivesse retrocedido no tempo, na época da Inquisição.

Stein Ovesen, um dos responsáveis pelo memorial, disse que hoje a igreja e a sociedade assumem a responsabilidade pelo vergonhoso atentado contra aquelas pessoas e a dignidade humana. E acrescentou que a atual Noruega condena “a violência contra com base em raça, gênero, fé e convicção”.

FONTE: http://www.paulopes.com.br/2011/06/cadeira-em-chamas-lembra-as-vitimas-da.html

23 de jun. de 2011

Mito, Rito e Religião


É necessário deixar bem claro, nesta tentativa de conceituar o mito, que o mesmo não tem aqui a conotação usual de fábula, lenda, invenção, ficção, mas a acepção que lhe atribuíam e ainda atribuem as sociedades arcaicas, as impropriamente denominadas culturas primitivas, onde mito é o relato de um acontecimento ocorrido no tempo primordial, mediante a intervenção de entes sobrenaturais. Em outros termos, mito, é o relato de uma história verdadeira, ocorrida nos tempos dos princípios, quando com a interferência de entes sobrenaturais, uma realidade passou a existir, seja uma realidade total, o cosmo, ou tão-somente um fragmento, um monte, uma pedra, uma ilha, uma espécie animal ou vegetal, um comportamento humano. Mito é, pois, a narrativa de uma criação: conta-nos de que modo algo, que não era, começou a ser.

De outro lado, o mito é sempre uma representação coletiva, transmitida através de várias gerações e que relata uma explicação do mundo. Mito é, por conseguinte, a parole, a palavra "revelada", o dito. E, desse modo, se o mito pode se exprimir ao nível da linguagem, "ele é, antes de tudo, uma palavra que circunscreve e fixa um acontecimento". "O mito é sentido e vivido antes de ser inteligido e formulado. Mito é a palavra, a imagem, o gesto, que circunscreve o acontecimento no coração do homem, emotivo como uma criança, antes de fixar-se como narrativa".

O mito expressa o mundo e a realidade humana, mas cuja essência é efetivamente uma representação coletiva, que chegou até nós através de várias gerações. E, na medida em que pretende explicar o mundo e o homem, isto é, a complexidade do real, o mito não pode ser lógico: ao revés, é ilógico e irracional. Abre-se como uma janela a todos os ventos; presta-se a todas as interpretações. Decifrar o mito é, pois, decifrar-se. E, como afirma Roland Barthes, o mito não pode, conseqüentemente, "ser um objeto, um conceito ou uma idéia: ele é um modo de significação, uma forma". Assim, não se há de definir o mito "pelo objeto de sua mensagem, mas pelo modo como a profere".



É bem verdade que a sociedade industrial usa o mito como expressão de fantasia, de mentiras, daí mitomania, mas não é este o sentido que hodiernamente se lhe atribui.

O mesmo Roland Barthes, aliás, procurou reduzir, embora significativamente, o conceito de mito, apresentando-o como qualquer forma substituível de uma verdade. Uma verdade que esconde outra verdade. Talvez fosse mais exato defini-lo como uma verdade profunda de nossa mente. É que poucos se dão ao trabalho de verificar a verdade que existe no mito, buscando apenas a ilusão que o mesmo contém. Muitos vêem no mito tão-somente os significantes, isto é, a parte concreta do signo. É mister ir além das aparências e buscar-lhe os significados, quer dizer, a parte abstrata, o sentido profundo.

Talvez se pudesse definir mito, dentro do conceito de Carl Gustav Jung, como a conscientização de arquétipos do inconsciente coletivo, quer dizer, um elo entre o consciente e o inconsciente coletivo, bem como as formas através das quais o inconsciente se manifesta.

Compreende-se por inconsciente coletivo a herança das vivências das gerações anteriores. Desse modo, o inconsciente coletivo expressaria a identidade de todos os homens, seja qual for a época e o lugar onde tenham vivido.

Arquétipo, do grego "arkhétypos", etimologicamente, significa modelo primitivo, idéias inatas. Como conteúdo do inconsciente coletivo foi empregado pela primeira vez por Yung. No mito, esses conteúdos remontam a uma tradição, cuja idade é impossível determinar. Pertencem a um mundo do passado, primitivo, cujas exigências espirituais são semelhantes às que se observam entre culturas primitivas ainda existentes. Normalmente, ou didaticamente, se distinguem dois tipos de imagens:

a) imagens (incluídos os sonhos) de caráter pessoal, que remontam a experiências pessoais esquecidas ou reprimidas, que podem ser explicadas pela anamnese individual;

b) imagens (incluídos os sonhos) de caráter impessoal, que não podem ser incorporados à história individual. Correspondem a certos elementos coletivos: são hereditárias.

A palavra textual de Jung ilustra melhor o que expôs: "Os conteúdos do inconsciente pessoal são aquisições da existência individual, ao passo que os conteúdos do inconsciente coletivo são arquétipos que existem sempre a priori.

Embora se tenha que admitir a importância da tradição e da dispersão por migrações, casos há e muito numerosos em que essas imagens pressupõem uma camada psíquica coletiva: é o inconsciente coletivo. Mas, como este não é verbal, quer dizer, não podendo o inconsciente se manifestar de forma conceitual, verbal, ele o faz através de símbolos. Atente-se para a etimologia de símbolo, do grego "sýmbolon", do verbo "symbállein", "lançar com", arremessar ao mesmo tempo, "com-jogar". De início, símbolo era um sinal de reconhecimento: um objeto dividido em duas partes, cujo ajuste e confronto permitiam aos portadores de cada uma das partes se reconhecerem. O símbolo é, pois, a expressão de um conceito de eqüivalência. Assim, para se atingir o mito, que se expressa por símbolos, é preciso fazer uma eqüivalência, uma "con-jugação", uma "re-união", porque, se o signo é sempre menor do que o conceito que representa, o símbolo representa sempre mais do que seu significado evidente e imediato.

Em síntese, os mitos são a linguagem imagística dos princípios. "Traduzem" a origem de uma instituição, de um hábito, a lógica de uma gesta, a economia de um encontro.

Na expressão de Goethe, os mitos são as relações permanentes da vida.

Se mito é, pois, uma representação coletiva, transmitida através de várias gerações e que relata uma explicação do mundo, então o que é mitologia?

Se mitologema é a soma dos elementos antigos transmitidos pela tradição e mitema as unidades constitutivas desses elementos, mitologia é o "movimento" desse material: algo de estável e mutável simultaneamente, sujeito, portanto, a transformações. Do ponto de vista etimológico, mitologia é o estufo dos mitos, concebidos como história verdadeira.

Quanto à religião, do latim "religione", a palavra possivelmente se prende ao verbo "religare", ação de ligar.

Religião pode, assim, ser definida como o conjunto das atitudes e atos pelos quais o homem se prende, se liga ao divino ou manifesta sua dependência em relação a seres invisíveis tidos como sobrenaturais. Tomando-se o vocábulo num sentido mais estrito, pode-se dizer que a religião para os antigos é a reatualização e a ritualização do mito. O rito possui, "o poder de suscitar ou, ao menos, de reafirmar o mito".

Através do rito, o homem se incorpora ao mito, beneficiando-se de todas as forças e energias que jorraram nas origens. A ação ritual realiza no imediato uma transcendência vivida. O rito toma, nesse caso, "o sentido de uma ação essencial e primordial através da referência que se estabelece do profano ao sagrado". Em resumo: o rito é a praxis do mito. É o mito em ação. O mito rememora, o rito comemora.

Rememorando os mitos, reatualizando-os, renovando-os por meio de certos rituais, o homem torna-se apto a repetir o que os deuses e os heróis fizeram "nas origens", porque conhecer os mitos é aprender o segredo da origem das coisas. "E o rito pelo qual se exprime (o mito) reatualiza aquilo que é ritualizado: re-criação, queda, redenção". E conhecer a origem das coisas - de um objeto, de um nome, de um animal ou planta - "eqüivale a adquirir sobre as mesmas um poder mágico, graças ao qual é possível dominá-las, multiplicá-las ou reproduzí-las à vontade". Esse retorno às origens, por meio do rito, é de suma importância, porque "voltar às origens é readquirir as forças que jorraram nessas mesmas origens". Não é em vão que na Idade Média muitos cronistas começavam suas histórias com a origem do mundo. A finalidade era recuperar o tempo forte, o tempo primordial e as bênçãos que jorraram illo tempore.

Além do mais, o rito, reiterando o mito, aponta o caminho, oferece um modelo exemplar, colocando o homem na contemporaneidade do sagrado. É o que nos diz, com sua autoridade, Mircea Eliade: "Um objeto ou um ato não se tornam reais, a não ser na medida em que repetem um arquétipo. Assim a realidade se adquire exclusivamente pela repetição ou participação; tudo que não possui um modelo exemplar é vazio de sentido, isto é, carece de realidade".

O rito, que é o aspecto litúrgico do mito, transforma a palavra em verbo, sem o que ela é apenas lenda, "legenda", o que deve ser lido e não mais proferido.

À idéia de reiteração prende-se a idéia de tempo. O mundo transcendente dos deuses e heróis é religiosamente acessível e reatualizável, exatamente porque o homem das culturas primitivas não aceita a irreversibilidade do tempo: o rito abole o tempo profano, cronológico, é linear e, por isso mesmo, irreversível (pode-se "comemorar" uma data histórica, mas não fazê-la voltar no tempo), o tempo mítico, ritualizado, é circular, voltando sempre sobre si mesmo. É precisamente essa reversibilidade que liberta o homem do peso do tempo morto, dando-lhe a segurança de que ele é capaz de abolir o passado, de recomeçar sua vida e recriar seu mundo. O profano é tempo da vida; o sagrado, o "tempo" da eternidade.

A "consciência mítica", embora rejeitada no mundo moderno, ainda está viva e atuante nas civilizações denominadas primitivas: "O mito, quando estudado ao vivo, não é uma explicação destinada a satisfazer a uma curiosidade científica, mas uma narrativa que faz reviver uma realidade primeva, que satisfaz as profundas necessidades religiosas, aspirações morais, a pressões e a imperativos de ordem social e mesmo a exigências práticas. Nas civilizações primitivas, o mito desempenha uma função indispensável: ele exprime, exalta e codifica a crença; salvaguarda e impõe os princípios morais; garante a eficácia do ritual e oferece regras práticas para a orientação do homem. O mito é um ingrediente vital da civilização humana; longe de ser uma fabulação vã, ele é, ao contrário, uma realidade viva, à qual se recorre incessantemente; não é, absolutamente, uma teoria abstrata ou uma fantasia artística, mas uma verdadeira codificação da religião primitiva e da sabedoria prática".

Marcha para Jesus vira ato contra união homoafetiva


Temas como legalização da maconha e criminalização da homofobia também pautaram evento, que levou ao menos 1 milhão às ruas em SP

Ricardo Galhardo, iG São Paulo | 23/06/2011 17:05

Texto:
A 19ª edição da Marcha para Jesus, uma das maiores manifestações religiosas do planeta, se transformou em um ato de afronta ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ameaças aos políticos por parte de lideranças evangélicas. Apesar dos esforços dos organizadores para restringir o enfoque a temas religiosos, assuntos como a união civil de pessoas do mesmo sexo, homofobia e legalização da maconha acabaram dominando os discursos de alguns líderes religiosos.

"A marcha não deixa de ser um ato político", resumiu o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), ligado a Igreja Universal do Reino de Deus. O discurso mais radical foi do pastor Silas Malafaia. Com palavreado vulgar, usando termos como "otário" e "lixo moral", Malafaia atacou duramente a decisão do STF de legalizar a união estável entre pessoas do mesmo sexo. "O STF rasgou a Constituição que, no artigo 226, parágrafo 3º, diz claramente que união estável é entre um homem do gênero masculino e uma mulher do gênero feminino. União homossexual uma vírgula", disse o pastor.


Organizadores tentaram manter foco em discurso religioso, mas manifestações políticas deram o tom do evento
Na sequência, Malafaia passou a atacar a decisão do STF de liberar as marchas da maconha no Brasil.
"Amanhã se alguém quiser fazer uma marcha em favor da pedofilia, do crack ou da cocaína vai poder fazer. Nós, em nome de Deus, dizemos não."

A multidão, estimada pela Polícia Militar em 1 milhão de pessoas - e pelos organizadores em 5 milhões - foi ao delírio e respondeu com gritos de "não, não" com os braços levantados para o céu.
Malafaia ameaçou orientar seus fiéis a não votarem em parlamentares que defendem o Projeto de Lei 122/2006, que criminaliza a homofobia no País. "Ninguém aqui vai pagar de otário, de crente, não. Se for contra a família não vai ter o nosso voto", ameaçou.

O pastor defendeu a desobediência por parte de pastores caso o PL 122 seja aprovado. "Eles querem aprovar uma lei para dizer que a Bíblia é um livro homofóbico e botar uma mordaça em nossa boca. Se aprovarem o PL 122 no mesmo dia, na mesma hora, tudo quando é pastor vai pregar contra a prática homossexual. Quero ver onde vai ter cadeia para botar tanto pastor."



Marcha para Jesus reúne milhares em SP
União homoafetiva reúne 43 casais no Rio
Supremo reconhece união estável homoafetiva
Confusão marca votação de projeto contra homofobia
Lixo moral'

Malafaia classificou como "lixo moral" as pessoas que questionam a interferência das igrejas em assuntos do governo e, embora tenha dito que não tem objetivo de instaurar um estado evangélico no Brasil, "os países mais práticos e as democracias mais evoluídas do mundo tem origem no protestantismo".

Já Crivella adotou um tom mais ameno em relação aos direitos civis dos homossexuais, mas foi duro em relação ao STF que, segundo ele, está agindo politicamente e se imiscuindo em temas que dizem respeito ao Legislativo. "O Congresso tem que se levantar contra o ativismo político do STF. Só o Congresso pode detê-los", afirmou o senador.

A contrariedade maior de Crivella é em relação ao ministro Ayres Brito. "Fui o relator do processo de aprovação do Ayres Britto no Senado e na época alguns colegas me alertaram que ele tem pretensões políticas mas não dei ouvidos. Ele foi candidato a deputado pelo PT de Sergipe e não foi eleito. Agora quer se vingar do povo sergipano e levar na mão grande", acusou. Segundo ele, o Congresso trabalha em um projeto de lei que contemple tanto os direitos civis gays quanto os dos pastores evangélicos de pregarem contra a prática homossexual. "O que não pode é querer fazer na marra. Aí desencadeia reações radicais como a que vimos agora a pouco", disse ele, em referência a Malafaia.


Marcha reuniu 1 milhão de pessoas, segundo a Polícia Militar
O apóstolo Estevam Hernandes, da Igreja Renascer, organizador da marcha, reafirmou o caráter estritamente religioso do evento e disse que manifestações como as de Malafaia e Crivela são opiniões pessoais. Apesar disso, admitiu ser contra o "casamento gay" e a liberação da maconha. Questionado por um repórter sobre o qual fator pesa mais na desagregação da família, o homossexualismo ou o crime de evasão de divisas, pelo qual foi condenado a pena de 140 dias de prisão nos EUA, o apóstolo mudou de assunto.

'A serviço de satanás'

Entre os milhares de pessoas que participaram da marcha, os temas polêmicos também foram os assuntos principais. A reportagem do iG abordou um grupo de oito jovens que veio de Cidade Adhemar para a marcha e perguntou quais as opiniões deles sobre direitos homossexuais, homofobia, aborto e legalização da maconha. Com visual moderno, estilo emo, todos disseram ser contra a união civil de pessoas do mesmo sexo, aborto e legalização das drogas e defenderam os pastores que consideram o homossexualismo uma prática pecaminosa.

"Quem defende o homossexualismo e a maconha está aqui a serviço de Satanás", disse o auxiliar de informática Natanael da Silva Santos, de 19 anos, que foi à marcha usando calça apertada, cinto de taxinhas e a tradicional franja emo. Enquanto a reportagem entrevistava os jovens, a aposentada Jovelina das Cruzes, de 68 anos, ouviu a conversa e fez uma intervenção. "Vocês estão falando sobre o que não conhecem. Meu sobrinho é gay e é um rapaz maravilhoso. Ótimo filho, muito educado, muito honesto e estudioso. Já o meu filho é machão e vive batendo na esposa, não respeita ninguém, não para no emprego."

Quando Jovelina virava as costas para continuar a marcha Natanael, que não se deu por vencido, fez uma observação. "Cuidado, tia. Se o pastor escuta a senhora falando uma coisa dessas ele não deixa mais a senhora entrar na igreja". E Jovelina respondeu. "Igreja é o que não falta por aí. Se me impedirem de ir em uma, vou em outra. Não tem problema."

FONTE:http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/marcha+para+jesus+vira+ato+contra+uniao+homoafetiva/n1597044443203.html

21 de jun. de 2011

Adolescente de 14 anos comete suicídio por causa da previsão do fim do mundo em 21 de maio


Uma adolescente de 14 anos da Rússia ficou apavorada com a previsão do dia do fim do mundo e juízo final de 21 de maio de Harold Camping, que cometeu um suicídio no mesmo dia, disseram investigadores nesta quarta-feira.

O dia 21 de maio foi o dia que o pregador Camping da Family Radio disse que crentes iriam ser arrebatados ao céu antes do apocalipse e aqueles deixados para trás na terra iriam sofrer com desastres que culminariam com a destruição do mundo em 21 de outubro.

Nastya Zachinova, que vivia na República de Mari El na Rússia Central, acreditou que o fim do mundo seria no dia 21 de maio, disse sua família ao LifeNews, um tabloide Russo.

“Ele levou a data muito profundamente em seu coração,” disse a sua mãe, Lyudmila, ao LifeNews.

A Agência Estatal de Notícias, RIA Novosti, relatou quarta-feira que a menina se enforcou com medo da previsão de Camping.

O investigador Alexander Kosharin disse que a conduta da menina mudou dramaticamente quando ela soube da previsão do pregador da rádio, de acordo com a RIA Novosti.

Camping havia alegado que terremotos e arrebatamento aconteceriam em 21 de Maio às 6h da tarde, fuso horário de cada local e sinalizaria o começo do fim.

O diário pessoal da menina revelou quão apavorada ela estava que o sofrimento tomaria lugar. Ele acreditou que ela não era uma das pessoas justas que seriam levadas ao céu, mas alguém que iria permanecer na terra e sofrer.

“As baleias estão tentando encalhar-se e os pássaros estão morrendo – é só o começo do fim,” escreveu Zachinova em sua última reflexão no diário, como relatado por RIA Novosti.

“Nós não somos as pessoas justas, somente eles irão ir para o céu, e os outros ficarão aqui na Terra para passar por terríveis sofrimentos,” escreveu ela.

“Eu não quero morrer como os outros. Por isso é que eu vou morrer agora.”

A agência de notícias da Rússia também relatou que os investigadores estão vendo se a menina tinha laços “informais com grupos de jovens” ou seitas religiosas.

Na segunda-feira, Camping discursou sobre sua previsão errada do dia 21 de maio, dizendo que ele mal intrepretou que o julgamento viria fisicamente mas afirmou que ele estava ainda correto em prever o julgamento porque ele veio “espiritualmente.” Ele justificou sua nova interpretação dizendo que Deus é um Deus de amor que não iria deixar as pessoas sofrerem na terra por cinco meses. Além disso, ninguém seria capaz de sobreviver aos eventos por mais de poucos dias, acrescentou ele.

Depois de sua declaração, um repórter informou a Camping da notícia que a mãe tinha tentado se matar e duas crianças porque ela acreditou em seus ensinamentos do dia do julgamento de 21 de maio.

Quando Camping ouviu que a mãe não teve sucesso, ele disse que ele se sentiu aliviado.

“Assassinato é terrível. é contrário a qualquer coisa que a Bíblia ensina,” disse o radialista de 89 anos. “Isso teria sido algo terrível se ela tivesse feito. A Bíblia ensina que nós temos que salvar vidas, não matar.”

“Eu lhe digo. O que você me disse é um grande alívio para mim porque eu ficaria doente do coração se alguém tivesse feito uma coisa estúpida como essa.”

Quando pressionado pelo repórter sobre se ele iria aceitar a “responsabilidade por isso,” Camping respondeu que não.

“Eu não tenho qualquer responsabilidade. Eu não posso ter responsabilidade pela vida de ninguém. Eu estou somente ensinando a Bíblia,” disparou ele de volta.

Fonte: The Christian Post

Coação religiosa! Sim ou não?!

POSTEI ESTE TEXTO E VIDEO PARA SEREM ANALISADOS. UMA REFLEXÃO SOBRE O QUE OCORRE COM UMA CRIANÇA QUANDO SE FAZ UMA MÁ EVANGELIZAÇÃO, ENSINANDO-A A SEGUIR CRENÇAS E MITOS E NÃO VALORES SOBRE COMO PROCEDER NA VIDA E COMO É A VIDA, FAZ COM QUE ELA CRESÇA EM OPRESSÃO RELIGIOSA. ACREDITO QUE EVANGELIÇÃO TEM QUE SER ACOMPANHADA DE EDUCAÇÃO SOBRE VALORES DA VIDA... FAÇA SUA REFLEXÃO..



A história de Matheus é uma tragédia anunciada. Uma criança que ainda nem deve saber ler/escrever, mas já está doutrinada coercitivamente por pais que acham estarem fazendo o melhor para seu filho. Claro que, além de ensinar a rezar e pedir algo a um deus, a religião de Matheus também prega que este mesmo deus pune severamente seus próprios filhos que desviam do caminho que ele julga ser o melhor.

No vídeo vemos uma criança atormentada, desesperada com uma possível punição divina por ter matado um passarinho, ainda que o tenha feito sem intenção (se é que foi culpa dele de alguma forma). Então, eu perguntaria para os pais deste coitado: “Você realmente acha que a religião está fazendo bem para sua criança?”.

Certamente, estes pais acharão graça da reação exagerada do filho e dirão que, ainda assim, a educação religiosa lhe fez bem, pois, ele entendeu o valor de uma vida e se arrependeu (até demais) de ter tirado a vida de outro ser. Curado desta miopia que vem de brinde com a doutrinação religiosa, posso antever um garoto obcecado por sua fé e problemático em certo grau.
Quais as chances de um garoto nascido e criado numa rígida família cristã se tornar um dos 56% dos evangélicos brasileiros que fazem sexo antes do casamento ou daqueles 25% absurdamente hipócritas que já traíram a esposa? Dadas as porcentagens, vemos que as chances são muitas.

Mas há consequências mais graves desta religiosidade rígida sobre as quais muitos pais incautos (ou ignorantes) nem sempre estão atentos. Vamos imaginar uma garotinha jovem e religiosa. Ela ouve tudo e todos falando sobre o fim dos tempos e da tormenta eterna a qual um (bondoso?) deus condenará todos aqueles julgados como pecadores. Eis que ela decide escrever em seu diário:
“As baleias estão tentando encalhar-se e os pássaros estão morrendo – é só o começo do fim. (…) Nós não somos as pessoas justas, somente eles irão ir para o céu, e os outros ficarão aqui na Terra para passar por terríveis sofrimentos. Eu não quero morrer como os outros. Por isso é que eu vou morrer agora.”

Sim. Foi exatamente isso o que ela fez. Graças à previsão de Harold Camping, Nastya Zachinova, que vivia na República de Mari El na Rússia Central, acreditou que o fim do mundo seria no dia 21 de maio e se enforcou. E se Matheus, o pobre garoto do vídeo, tivesse dado o mesmo fim a si mesmo, na certeza de que isso talvez “aliviasse” seu pecado?

Eu entendo que os pais querem educar seus filhos para serem boas pessoas e usam a religião como uma das ferramentas para isso. Mas será que não seria o bastante ensinar apenas questões éticas e morais? Daquelas que toda pessoa sensata conhece o mínimo? Um “obrigado”, um “por favor”, um “licença”, o respeito às outras pessoas, etc? Claro que é possível! Contudo, neste cenário sem deus, vai que seu filho cresce e vira um ateu… aí, nem toda a moral e ética do mundo o tornariam uma boa pessoa, não é mesmo? Então, vale o risco para evangelizar desde o berço nossos amados filhos.


FONTE: http://bulevoador.haaan.com/2011/06/23292#more-23292

17 de jun. de 2011

O "herege da vez" denuncia as causas, a moral excludente se apega aos efeitos


Por: Alex Carrari e Paulo Silvano

E os evangélicos prevendo que a Dilma seria eleita, foram, em favor da conservação do próprio conforto, exigir sua assinatura na caprichosa carta elaborada por líderes de imagem alinhada com o perfil geral da nação santa, geração eleita. Uma das questões, para não dizer a única, era que a candidata, que se consolidava nas pesquisas, assumisse compromisso em não aprovar o casamento – diferente de união civil – entre pessoas do mesmo sexo. Para não dar na cara que a questão envolvia nada mais que a garantia da permanência almofadada dos crentes na tranqüilidade de seus ideários dominicais sem correr os riscos de ter de lidar com o incômodo tema, embutiram lá também a questão da não legalização do aborto e outros itens despercebidos, secundariando o real motivo da falta de sono desta omissa parcela da sociedade.
Já no meio da candidatura da mulher, a movimentação no arraial do comodismo evangélico dava indícios do frenesi que se apossava dos crentes, enchendo as nossas caixas de entrada de e-mails com os mais variados alertas sobre a vida oculta da ex-ministra. De libertinagem e lesbianismo a envolvimento com satanismo, Dilma foi classificada de tudo o que a imaginação dessa gente pode produzir, sob o dúbio interesse por uma nação mais “santa” nas mãos de deus. Admitimos que lemos um ou dois desses e-mails e, daí em diante, tudo para a lixeira.

Esta inquietação evangélica sonoriza a cada quatro anos. A carta contendo como tema central, o que uma comitiva dos “bem intencionados” servos do deus, que abomina a sodomia, achou primordial para que não se mexesse no time que está ganhando, para que o Estado não viesse a entulhar o tênue caminho da vitória daqueles que aspiram por um Brasil culturalmente evangélico, demonstrou que estes “bem intencionados” servos sofrem, na memória coletiva, daquilo que os psicanalistas chamam de neurose histérica de dissociação. Um distúrbio na consciência e na identidade, em que desenvolvem como principal sintoma uma personalidade múltipla, pois, quando comparados o comportamento destes com as instruções de Jesus fica claro que não sabem de que espírito são.
O que pretendiam? Uma sinalização de que continuariam imperturbáveis, nos espaços anestésicos que são seus templos e igrejas, onde reproduzem um arquétipo de mundo que só existe na cabeça dos crentes.
Até aí nada novo.
O que é novo nesse episodio é a forma como os ditos líderes inconscientemente confessaram o blefe em que vivem, consentido com os aplausos de 90% da massa evangélica brasileira, que blefa junto.

Os destinatários da benção demonstraram nas urnas não ter e mínima afinidade com política e menos ainda senso de responsabilidade social quando a única opção de uma política mais igualitária, não corrupta e engajada, Marina Silva, não passou do primeiro turno. A proposta de “um jeito novo de fazer política” não fez sucesso entre os servos do dono do ouro e da prata, pois a única ética que encanta essa gente é a que é inspirada pelo espírito do capitalismo, egocentralizada, fundamentada no salve-se quem puder, na qual quem pede mais – e do jeito certo – leva mais.

Sobre este caso, perguntas que não querem calar: Porque na tal carta não havia um item expresso e inegociável que fizesse a futura presidente do Brasil assumir um compromisso de erradicar a pobreza principalmente nos estados e cidades mais pobres? Porque não havia lá nada que forçasse a Dilma a estabelecer metas para acabar com mortalidade infantil? Porque os crentes não pensaram em colocar como um dos pontos principais a serem assumidos pelo novo governo a extinção do analfabetismo? Passou despercebida a condição surreal da saúde pública e o tratamento desumano nas unidades básicas de bairros pobres? Não deu pra lembrar das urgentes e necessárias melhorias em vias públicas para os portadores de necessidades especiais? E o péssimo tratamento aos aposentados? E os maus-tratos no sistema carcerário? E a corrupção no centro do poder?
Outra carta, desta vez a Capital, contendo a entrevista do “pastor herege” causou uma acesa circulação de desinformação no arraial dos defensores da moral adequada aos costumes de um povo que se acostumou a buscar favores da divindade em um culto intimidador, prolixo em churumingas, conformado a uma liturgia capenga e cheia de ressentimento.

Está tudo ali, às claras, nada de meias palavras. Para interpretar sua fala nada de chave hermenêutica, indisponível aos iletrados. O Ricardo Gondim disse o que tinha para dizer e os evangélicos entenderam o que sempre se predispuseram a entender. Levando em conta que texto fora do contexto sempre foi uma especialidade dos crentes, não poderia dar noutra conclusão: “Agora a Betesda vai começar a casar gays”, dedução óbvia de quem se habituou a ler a Bíblia como se fora o texto sagrado algo parecido com a famosa caixinha de promessa, da qual o texto é sacado sem a necessidade de vinculá-lo aos demais não sorteados. Método não diferente é aplicado quando se interpreta as colocações daquele que se tornou o “herege da vez”. Ainda mais óbvias, são as intenções dos que utilizam essa hermenêutica para interpretar as palavras do Ricardo na Carta Capital: Os crentes intentam ocultar aquilo que é causa, tratando-o como se fosse efeito, e assim, como criaturas entregues ao delírio, ao desvairo e a obsessão, continuam dormindo o sono da insensatez sobre o lençol das suas próprias omissões.
Só para refrescar a memória, segue a pergunta da Carta e a resposta do Ricardo que, ainda que aqui, colocada fora do contexto, qualquer um com o mínimo de tino e bom senso entende do que se trata. Mas, por nos faltar a paciência que sobra ao nosso amigo, colocamos em negrito apenas o que a letra por si só é capaz de explicar:
Carta Capital: O senhor é a favor da união civil entre homossexuais?

Ricardo Gondim: Sou a favor. O Brasil é um país laico. Minhas convicções de fé não podem influenciar, tampouco atropelar o direito de outros. Temos que respeitar as necessidades que surgem a partir de outra realidade social. A comunidade gay aspira por relacionamentos juridicamente estáveis. A nação tem de considerar essa demanda. E a igreja deve entender que nem todas as relações homossexuais são promíscuas. Tenho minhas posições contra a promiscuidade, que considero ruim para as relações humanas, mas isso não tem uma relação estreita com a homossexualidade ou heterossexualidade.
Perceptivelmente indispostos a fazer uma leitura na ordem da entrevista, e prontamente dispostos a tomar como pretexto um texto sem contexto, a tática de alguns desses “guardiões da fé” foi dar uma dimensão maior ao que é secundário de modo que não tenham que lidar com aquilo que é primário: O clamor de uma sociedade tragicamente enferma diante de uma igreja que, afogada no próprio vômito, é incapaz de absorver e fazer valer os valores do Reino de Deus. Estranhamente, esse clamor é ignorado em favor do cumprimento do “decreto divino” – que alguns, desfilando uma sucessão textos bíblicos, apresentam-no como legitimado pelas Escrituras – que a troco de nada abomina a homossexualidade, a bissexualidade, e outras formas, que não a heterossexual, de relacionamento afetivo.

Das nove questões que foram postas à mesa pela Carta Capital, oito estavam relacionadas ao comportamento destoante dos evangélicos, que inclui um modelo de espiritualidade triunfalista, uma compreensão mesquinha de Deus, ambição por poder, ênfase na quantidade em detrimento da qualidade. Apenas uma, abordando a questão da união civil entre homossexuais, aparece na entrevista, como que entre parêntesis. Esta, como não poderia ser diferente, vitimada pela síndrome da caixinha de promessas, foi pinçada do contexto para que, sem o amparo do restante da entrevista, tivesse sentido e interpretação desvirtuados para atender os interesses escusos de setores da mídia evangélica.

Condenada às fogueiras virtuais, abominada em púlpitos maculados pelas faltas encobertas daqueles que praticam a injustiça, verdadeira causa do pecado, a resposta do Gondim foi lenha queimada para prover a cortina de fumaça suficiente para ocultar o enquadramento dos seus algozes na conduta sob suspeição, tema das demais perguntas e respostas da entrevista.
Os depreciadores, invocam Gênesis 19 que relata aquele episódio no qual homens da cidade de Sodoma queriam ter relações sexuais com as manifestações teofânicas, em forma de homens, hospedadas na casa de Ló. Segundo se entende, havia um clamor que se multiplicava aos ouvidos de Deus e que esse clamor O fez querer conferir pessoalmente se era procedente de um pecado que se agravava (Gn 18.20-21).

Quantos sermões e advertências ouvimos, desde que fomos formatados à moral excludente evangélica, afirmando que a destruição de Sodoma e Gomorra foi um corretivo de Deus, dado serem aquelas cidades antros de promiscuidade sexual e inversão dos valores heterossexuais. Sob esta interpretação, aprimoramos a nossa impressão de santidade e limpeza, sem a qual ninguém verá a Deus, ou seja, um proceder sexual retilíneo e austero é o que basta. E mais, que Deus admite qualquer coisa menos a inversão dos valores heterossexuais. Deus tolera a soberba, a fartura de pão na mesa de uns poucos e a escassez na mesa de tantos, a próspera tranqüilidade para uns à custa da miséria de muitos, o desamparo ao pobre e ao necessitado, a arrogância e a prática de abominações. Tudo isso fica na peneira de Jeová, ele faz vista grossa, mas contra a homossexualidade ele acende a Sua implacável ira.

Nada como o profeta para denunciar o que realmente se esconde por trás da ênfase na condenação de um desvio moral, mesmo socialmente aceito como foi o de Sodoma e Gomorra. O profeta Ezequiel põe as claras: “Eis que esta foi a iniqüidade de Sodoma, tua irmã: soberba, fartura de pão e próspera tranqüilidade teve ela e suas filhas; mas nunca amparou o pobre. Foram arrogantes e fizeram abominações diante de mim; pelo que, em vendo isto, as removi dali” (Ez 16.49-50).

A comunidade evangélica que se pronuncia somente quando percebe que sua tranqüilidade e inércia poderão ser publicamente expostas, prega um elitismo moral como a verdadeira causa de não serem consumidos. Presunção, fartura de pão, próspera tranqüilidade, desamparo ao pobre, arrogância e abominações, são pecados menores, aliás, sequer são tratados como pecados se colocados a par da homossexualidade. As respostas do Ricardo na Carta são idênticas à estrutura da fala de Ezequiel. A reação ruidosa dos evangélicos sobre a questão da defesa dos direitos civis dos homossexuais é proporcional à preocupação com o conforto que querem para si, mas que negam aos outros. A artimanha utilizada pelos evangélicos para não ter de lidar com seus pecados mais enraizados e degradantes exposto pela fala do Ricardo no contexto da entrevista é a mesma que usam para interpretar o motivo de Sodoma e Gomorra terem sido destruídas baseado em Gênesis 19.

A eleição do Ricardo como o “herege da vez” se deve ao fato de ele denunciar a enfermidade crônica de um povo – que deveria ser cura – começando pelas causas, enquanto seus algozes, que se enquadram nestas causas, ferrenhamente se apegam aos efeitos.
As causas dessa enfermidade são as que aponta o profeta Ezequiel, que são sintomaticamente sentidas como antítese nas entrelinhas da carta dos evangélicos à Dilma e ordenadamente denunciadas pelo Ricardo na Carta Capital.
Um povo presunçoso que se orgulha de sua imagem em ascendência, que cada vez mais se afirma como grande consumidor, que apregoa fartura de pão e próspera tranqüilidade à custa do desamparo ao pobre, um povo que devido a sua arrogância comete abominações, faz que o clamor da justiça seja abafado ao ponto de se multiplicar, na forma de pecado, diante de Deus.

Um povo que não ouve o clamor por justiça que sobe de seu meio, que tenta sempre escapar de sua responsabilidade social, que subverte misericórdia em legalismo, que gosta tanto do convívio com a injustiça ao ponto de não querer lidar com suas causas, está tão unido à origem das estruturas de pecado que corre o risco de virar estátua de sal ficando pelo caminho como testemunho de sua insipiência para os que virão depois de nós.

Fonte. http://herdeirosdodeserto.blogspot.com/

9 de jun. de 2011

Santo Sudário de Turim foi pintado por italiano em 1315


Santo Sudário de Turim foi pintado por italiano em 1315, diz estudioso
do jornal português Público

O Santo Sudário de Turim, um dos objetos mais venerados do Cristianismo, foi na verdade um trabalho do pintor italiano pré-renascentista Giotto. Esta é a conclusão de um estudo do artista italiano Luciano Buso.

O pano de linho puro, de 4 metros e 36 centímetros de comprimento por 1 metro e 10 centímetros de largura, que alguns afirmam ter sido utilizado para envolver o corpo de Jesus Cristo após sua crucificação, tem sido alvo de várias teorias, sendo até hoje um dos trabalhos mais misteriosos do mundo.


Luciano Buso, pintor e restaurador de arte, analisou exaustivamente e ao pormenor o Sudário de Turim através de várias fotografias oficiais cedidas pelas arquidioceses de Turim e garante ter encontrado a marca de Giotto no lenço. O italiano explica que a peça tem a marca de Giotto, presente em muitos dos seus trabalhos, garantindo ter verificado a presença do número 15 em várias partes do Santo Sudário, significando que a obra terá sido criada em 1315.

De acordo com a investigação, a peça está também assinada, mas assim como o número 15, nunca ninguém conseguiu ler porque Giotto terá usado uma técnica de escrita oculta que os pintores costumavam usar naquela época como marca indelével da autenticidade das suas obras.

São várias as teorias que existem em torno do Santo Sudário de Turim. Não existe acordo sobre a verdadeira origem da peça, nem mesmo se terá coberto o corpo de Cristo.

Em 1898, foram feitos os primeiros testes para se provar que o pano realmente serviu esse fim, depois de um fotógrafo de Turim ter feito uma foto do manto e, na revelação, ter descoberto que os negativos mostravam o corpo e o rosto de um homem crucificado. Em 1989, o Sudário foi submetido a um teste específico de carbono em três laboratórios diferentes, onde se chegou à conclusão que o pano de linho foi criado cerca de 1300 anos depois da morte de Jesus, entre 1260 e 1390.

Luciano Buso utiliza estes testes para provar que a sua teoria se enquadra no período de criação da peça e acrescenta que não acredita que Giotto não tivesse assinado claramente o trabalho para enganar as pessoas. “Ele não estava a tentar fingir nada, o que é claro tendo em conta que ele assinou ‘Giotto 15’, para autenticar o seu próprio trabalho”, disse ao The Independent o italiano.

Esta nova investigação também já está a gerar uma grande onda de controvérsia e criticas na Itália e nos meios religiosos. Os críticos acham que a teoria de Buso não faz sentido porque a Sudário de Turim não tem o padrão de Giotto.

Em 2010, o Sudário de Turim foi exposto ao público na Catedral de Turim, atraindo cerca de dois milhões de visitantes e peregrinos.


FONTE: http://www.paulopes.com.br/2011/06/santo-sudario-de-turim-foi-pintado-por.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+blogspot%2FLHEA+%28Paulopes+Weblog%29

2 de jun. de 2011

Vítimas belgas de padres pedófilos vão processar o papa Bento 16

Cerca de 80 vítimas belgas de padres pedófilos e de pessoas igualmente criminosas ligadas à igreja vão processar o papa Bento 16, além de manter as ações judiciais contra a Igreja Católica do seu país, no Tribunal de Ghent.

Walter Van Steenbrugge, um dos advogados das vítimas, disse que o papa tem de ser responsabilizado porque é quem nomeia os bispos, e muitos deles acobertaram os pedófilos.

“A Santa Fé e o papa têm responsabilidade pelos erros”, afirmou. “A negligência [do papa] permitiu que se agravasse o problema.”

O Vaticano ainda não se manifestou sobre a decisão.

Em setembro de 2010, uma comissão instituída por iniciativa da igreja da Bélgica anunciou 500 pessoas que foram vítimas de padre na infância ou adolescência.

O bispo Roger Vangheluwe é um dos abusadores. Após o seu afastamento da diocese de Bruges, ele reconheceu ter assediado dois sobrinhos.

Vangheluwe deu uma entrevista à TV em abril que causou indignação na Bélgica. Falou que um dos sobrinhos nunca reclamou do assédio. “Não tive a sensação de que meu sobrinho era contra, pelo contrário."

Com informação de Religión Digital.

1 de jun. de 2011

Um brasileiro honesto


Um brasileiro honesto

Estava ali, na poltrona 13 do ônibus que faz a rota Friburgo-Rio. Um celular esquecido pelo passageiro. Entre a poltrona e o vidro, havia algo mais. O motorista Joilson Chagas, de 31 anos, abriu o “pacote rústico” e tomou um susto. Nunca tinha visto tanto dinheiro junto: R$ 74.800. Não passou aos superiores. “É tentador. Nessa hora, nem nos colegas a gente confia.” Por sorte ou destino, Joilson conseguiu devolver tudo ao dono. “O dinheiro não era meu. É bom ficar com o que é nosso.” Joilson levou o dinheiro de volta a Friburgo. Ao chegar ao ponto final, na Ponte da Saudade, avistou um senhor humilde chorando na porta da padaria. “Perdi um celular”, dizia ele, “deve ter sido no centro do Rio.” Joilson perguntou: “O celular é este?” O senhor, agricultor de 80 anos, emocionou-se: “É esse mesmo. Não tinha mais nada no ônibus?” Joilson disse que ele precisava explicar direitinho o que perdera. E ele falou: “Eram R$ 74.800 para pagar o transplante de minha filha, que não é coberto pelo SUS.” Joilson entregou o pacote e não aceitou recompensa. “O dinheiro estava contado para a cirurgia e para a passagem. Eu não podia aceitar nada”, ele me disse. “Também sou pai de família.”

A história de Joilson aconteceu no dia 19 de abril e correu mundo. No Facebook, ele recebeu mensagens da Holanda, da Espanha, dos Estados Unidos, do Japão. Foi a programas de televisão. Ganhou plaqueta da empresa elogiando seu ato. Foi homenageado na semana passada no Palácio Guanabara, do governo do Estado. Recebeu cartas de alunos da 2ª a 5ª série de uma escola do Rio, dizendo: “Motorista, foi lindo o que você fez, você foi meu herói.” Num dos envelopes, havia R$ 2 e um bilhete: “Desculpe não dar mais, era o que eu tinha no bolso.” Joilson treme a voz. Quer encontrar e beijar essas crianças. “O que eu fiz era para ser uma coisa normal. O ser humano é repleto de valores, mas não põe em prática.”

Ele começou a dirigir em transportadora quando tinha 18 anos. Concluiu o segundo grau. É casado, seu filho Gabriel tem 14 anos e sua mulher está grávida de cinco meses, de outro menino. Nas enxurradas em Friburgo, Joilson perdeu a casa, os móveis, e mora de favor na casa da irmã. A escola onde sua mulher era professora também foi levada pelas águas. Agora, ela costura. Joilson constrói uma nova casa. Trabalha 16 horas por dia como motorista, faz duas viagens de ida e volta no ônibus da Viação 1001, tem uma folga por semana. “Cai na segunda ou na terça.” O primeiro ônibus sai às 5h30 de Friburgo. Ganha R$ 1.000 líquidos por mês, mas paga R$ 500 ao pedreiro que ergue sua “casinha”. Joilson faz biscates de pintura: “A necessidade faz o sapo pular.”

Seu único bem hoje é uma “motinha”. Mas ele confia que “Deus está abrindo portas” e se preocupa com muita gente em Friburgo ainda abandonada em abrigos. Seu sonho é ter negócio próprio. Uma loja de autopeças. “Sempre vesti a camisa das empresas em que trabalhei, mas queria ter uma lojinha.” Depois da enchente, a empresa deu a ele “uma cama de solteiro para o filho, um guarda-roupa de três portas e um sofazinho”. Joilson gosta de diminutivos. Porque a vida sempre correu assim. Da casa para o trabalho, a estrada, os engarrafamentos, a paciência com passageiros mais estressados. A igreja e a beira do rio, onde pesca de anzol. “Meu lazer é ver televisão com a família comendo uma pipoquinha.”

A atitude de Joilson não lhe rendeu só alegria. Quando descansava no dormitório da empresa, alguns colegas jogaram seu crachá no vaso sanitário e escreveram na parede do banheiro “Chagas otário”. “Me chamaram ainda de babaca, palhaço, puxa-saco. Meu filho virou motivo de chacota no colégio. Mas não teve vergonha, sentiu orgulho de mim. A gente vive num mundo estranho. Perderam os valores”, diz.

Eu queria que Joilson pudesse estar na lista da Época desta semana dos 40 brasileiros com menos de 40 anos que representam o futuro do país. “Educação hoje é uma coisa rara. Mas é tudo na vida. Tento passar para o meu filho. Fazer o bem faz bem. Acho que eu servi de exemplo para muitos políticos, muita gente.”

(Ruth de Aquino, Época)