30 de dez. de 2011

Adeptos da religião sofrem com a intolerância e preconceito


Apesar do grande vulto tomado pela festa de Iemanjá e da mesma ter se tornado um marco nas festividades de final de ano na cidade do Rio de Janeiro, ultrapassando limites religiosos e atingindo um patamar onde passa a ser inclusive reconhecida oficialmente no calendário cultural carioca, ainda existem manifestações de intolerância religiosa.

De acordo com Mãe Miriam de Oya, algumas pessoas riem ou gritam ofensas, mas não foram presenciados casos mais graves durante a festividade na praia. Ela relaciona este fato à conscientização dos religiosos de matriz africana e á criminalização do preconceito religioso. "Percebemos que quando o terreiro esta lá, cultuando, cantando para as entidades, ainda há pessoas que riem e debocham. Principalmente pessoas ligadas às religiões neopentecostais, dizem coisas como ‘ Sai Satanás’ ou ‘Tá amarrado’. E nós da religião não revidamos, ignoramos. Eles aí não tem como expandir a ira, e agora que sabem que é crime ficam mais contidos. Mas não param, infelizmente."

Para a cantora Rita Ribeiro, que há oito anos desenvolve o trabalho "Tecnomacumba" que mescla música eletrônica à cantigas referentes a religiosidade de matriz africana, essa intolerância é, também, bastante presente. " Desde o começo, desde a escolha do nome do projeto. Porque macumba é um termo usado de forma pejorativa, sempre ligado a força negativas. Desde o começo isso assustou de donos de gravadoras a empresários, alguns fãs também acharam que eu tinha tomado atitude muito radical, mas como eu tinha muita consciência da minha proposta e sabia que ia muito além do religioso, resolvi assumir a responsabilidade sobre o nome, sobre todo o contexto do projeto, a pesquisa feita. Tive muitas portas fechadas mas também por insistência, perseverança, tive muitas portas abertas."

O trabalho da cantora, apesar de fazer referencia a religiosidade não se limita a isso e nem pretende ser especificamente religioso, é uma manifestação da cultura brasileira e uma forma de reconhecimento das origens culturais africanas. "Muita gente faz sua macumba, muita gente arreia suas flores para Iemanjá, muita gente faz seu ritual, mas ninguém admite que aquilo ali é uma manifestação de origem africana, que tem uma influência profunda na formação da cultura brasileira." Para a cantora, uma das formas de diminuir o preconceito seria as pessoas assumirem suas origens.

FONTE.:http://www.sidneyrezende.com/noticia/157044+adeptos+da+religiao+sofrem+com+a+intolerancia+e+preconceito

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